ATÉ OS OSSOS no streaming
Eis mais uma prova de que o gosto adolescente por romantizar o sangue alheio venceu – já há bastante tempo – no cinema estadunidense. Até os Ossos (Bones and All) é um road movie canibal cujos personagens se atraem pelo cheiro. O cheiro do sangue dos outros.
Baseado em romance de Camille DeAngelis, o filme reúne Maren (Taylor Russell), uma garota que tenta escapar a sua condição macabra, e Lee (Timothée Chalamet), jovem andarilho marcado por um sangrento trauma familiar. Um vínculo de afeto, cumplicidade e algum dissenso os leva juntos pelas estradas dos EUA, com paradas para satisfazer suas fomes vampirescas. Maren atrai ainda o interesse de um sinistro “comedor” veterano, vivido de maneira arrepiante por Mark Rylance.
É claro que o casalzinho serial-eater padece das maldições típicas dos vampiros, quais sejam a sina de um apetite mórbido e uma condição nefasta herdada de gerações anteriores. O amor surge como conforto e refúgio mútuos. Pelo menos até que alguma tragédia altere esse compromisso.
A história teria potencial romântico e trágico caso não fosse encaminhada com tanta superficialidade pelo roteiro de David Kajganich e a direção de Luca Guadagnino (Me Chame pelo seu Nome). Ajudaria muito também um par de intérpretes mais “sanguíneos”, se é que vocês me entendem. Taylor e Timothée são cool demais para os papéis. Mesmo quando têm os corpos cobertos de sangue dos outros, parecem estar posando para um ensaio publicitário de chocolate líquido.
O grand guignol das cenas de canibalismo são de revirar o estômago, bem ao gosto das plateias adolescentes para quem a escatologia é objeto de culto. Para mim, foi pura monotonia, só quebrada pelas entradas ao mesmo tempo burlescas e aterradoras de Sully, o personagem de Mark Rylance.
>> Até os Ossos está por preços altos nas plataformas Google Play, Youtube Movies e Microsoft.
carmattos 
Oi Alberto, td bem? Gosto muito das suas críticas, parabéns e muito obrigado!!! Eu queria te fazer uma sugestão, mas não achei um email de contato, então escrevo aqui. Talvez fosse legal incluir no resumo da crítica que chega por email (aquele que lemos antes de clicar no “leia mais deste post”) em que plataforma de streaming o filme está disponível. Porque, se somos assinantes da plataforma, dá mais vontade ainda de ler a crítica, mesmo que o dia esteja corrido. Um grande abraço!
Olá Duda, sua sugestão é bem interessante. Vou avaliar a possibilidade de incluir essa informação. O problema é que às vezes são muitas plataformas, e aquele resumo ficaria enorme. Mas vou considerar. Muito grato por suas palavras de estímulo e por assinar o blog. Um abraço.